NAÇÕES UNIDAS, 21 de Novembro 2023 (Reuters) – O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) alertou na terça-feira que a produção de trigo da Ucrânia pode ser incapaz de atender à demanda doméstica e de exportação nos próximos anos, caso as rotas de exportação do Mar Negro continuem bloqueadas e os ataques à infraestrutura alimentar persistam.
O diretor do PMA na Ucrânia, Matthew Hollingworth, disse que um relatório iminente do Escritório de Direitos Humanos da ONU (OHCHR) mostrará que, desde meados de julho, houve 31 ataques documentados às instalações de produção e exportação de grãos da Ucrânia. Ele informou ao Conselho de Segurança da ONU que “28 desses ataques ocorreram somente na região de Odesa, que abriga os vitais terminais do Mar Negro e do Rio Danúbio essenciais para o comércio global.”
“Se os ataques à infraestrutura alimentar e o bloqueio das rotas de exportação marítima continuarem, isso impactará dramaticamente a perspectiva de produção agrícola nos próximos anos e pode, no pior cenário, levar à incapacidade da produção de trigo de atender à demanda doméstica e de exportação”, disse Hollingworth.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse ao Conselho de Segurança na terça-feira que Moscou tem como alvo infraestrutura militar, e não civil.
As Nações Unidas atribuem à invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 a piora da crise alimentar global. Ucrânia e Rússia são ambos grandes exportadores de grãos. A Rússia também é uma grande fornecedora de fertilizantes para o mundo.
O ministro da Agricultura da Rússia disse na semana passada que Moscou começou a enviar grãos gratuitamente, totalizando até 200.000 toneladas, para seis estados africanos, conforme prometido pelo Presidente Vladimir Putin em julho.
Hollingworth destacou que, antes da guerra, a Ucrânia representava 9% das exportações globais de trigo, 15% do milho e 44% do óleo de girassol.
Oficiais da ONU estão tentando reativar o acordo de grãos do Mar Negro, que a Rússia abandonou em julho – um ano após ser intermediado pelas Nações Unidas e pela Turquia – reclamando que suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes enfrentavam obstáculos e que não havia grãos ucranianos suficientes sendo enviados para países necessitados.
O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, disse à Reuters no início deste mês que será difícil reativar o acordo do Mar Negro, sob o qual quase 33 milhões de toneladas métricas de grãos ucranianos foram exportados.
A Ucrânia lançou o que chama de corredor de exportação temporário em agosto para permitir exportações agrícolas como um arranjo alternativo. Mais de 700.000 toneladas métricas de grãos já deixaram os portos ucranianos por essa nova rota.
Fonte: Reuters by Michelle Nichols Editing by Bill Berkrot
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