Nesta semana, o mercado do trigo manteve-se volátil, com as condições climáticas e oscilações cambiais influenciando os preços globais e domésticos. Abaixo, trazemos uma análise detalhada dos principais eventos que moldaram o cenário do trigo no Brasil e no mundo, com foco nas cotações e nas tendências que podem afetar os compradores de trigo no país.
Situação Climática no Brasil
No Brasil, o clima continuou a desempenhar um papel decisivo no mercado do trigo. No Paraná, os impactos das geadas ocorridas no início do mês ainda estão sendo avaliados, mas já se fala em possíveis perdas de produtividade em algumas regiões, especialmente nas áreas mais ao sul do estado, onde as lavouras estavam em fase mais avançada de maturação. As chuvas nas últimas semanas também contribuíram para o desenvolvimento do trigo, mas, em algumas áreas, há preocupações com a qualidade dos grãos devido à alta umidade.
No Rio Grande do Sul, a colheita está em andamento, mas de forma lenta devido às chuvas frequentes. A expectativa de uma boa produtividade mantém os produtores otimistas, embora as condições de mercado estejam mais desafiadoras.
Cotações do Mercado do Trigo
As cotações do mercado do trigo brasileiro seguem com uma tendência de leve alta, especialmente devido à baixa oferta no mercado internacional e ao aumento dos custos de importação. A desvalorização do Real frente ao Dólar tem pressionado os preços internos, tornando o trigo importado mais caro.
- Paraná: O preço médio da tonelada de trigo no estado está em torno de R$ 1.550,00, com alta em relação à semana anterior, principalmente pela escassez de oferta de grãos de qualidade superior.
- Rio Grande do Sul: Os preços no estado mantiveram-se estáveis, com a tonelada sendo comercializada a R$ 1.450,00, também impactados pelas condições climáticas que atrasam a colheita.
- Santa Catarina: Com menor volume de produção e dependência do trigo gaúcho, os preços seguem a tendência regional, com R$ 1.500,00 por tonelada.
Impactos Internacionais no Mercado do Trigo
O cenário internacional também influenciou diretamente o mercado do trigo brasileiro nesta semana. Os maiores exportadores globais, como a Rússia e a Ucrânia, continuam a enfrentar dificuldades devido às tensões geopolíticas e aos problemas logísticos. Além disso, as condições climáticas adversas na América do Norte (EUA e Canadá) prejudicaram as estimativas de colheita para 2024/2025, o que gerou uma maior pressão sobre os preços globais.
Mercado do trigo nos Estados Unidos:
Nos EUA, os preços do trigo voltaram a subir devido à persistente seca nas principais regiões produtoras. No mercado de Chicago (CBOT), os contratos futuros de trigo de dezembro fecharam a semana cotados a US$ 6,50 por bushel, um aumento de 2,4% em relação à semana anterior. A escassez hídrica nas planícies norte-americanas e as expectativas de uma safra menor impulsionaram o mercado.
Mercado do trigo na Russia:
A Rússia, maior exportadora mundial de trigo, manteve sua política de cotas de exportação, o que impactou as cotações globais. A safra russa de 2024 está em linha com as expectativas, com produção estimada em cerca de 84 milhões de toneladas, mas o país continua limitando suas exportações para garantir o abastecimento interno.
Mercado do trigo na Ucrânia:
A guerra na Ucrânia continua afetando a produção e a exportação de trigo. As dificuldades logísticas para escoar a produção ucraniana por meio do Mar Negro persistem, limitando o volume de exportação. Com isso, os preços ucranianos mantêm-se elevados, cotados em média a US$ 310,00 por tonelada FOB.
Mercado do trigo na Argentina:
Na Argentina, a produção de trigo também está sob pressão. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, cerca de 12% das lavouras estão em situação de “condição ruim” devido à seca persistente. A estimativa de produção foi revisada para 16,8 milhões de toneladas, o que representa uma queda significativa em relação à safra anterior. O preço da tonelada de trigo FOB na Argentina foi negociado a US$ 285,00, refletindo a escassez no mercado interno e a alta demanda de exportação.
Tendências do para os Próximos Meses
Assim, com a colheita brasileira avançando e as incertezas climáticas e cambiais, o mercado do trigo tende a manter sua volatilidade. A baixa oferta interna e os altos custos de importação devem manter os preços elevados no curto prazo. Para os compradores de trigo, como os moinhos, a recomendação é planejar compras estratégicas e acompanhar de perto as movimentações do mercado global. Além de monitorar as previsões climáticas que podem afetar tanto a produção interna quanto as importações.
Conclusão
Portanto, o mercado do trigo segue impactado por fatores climáticos e econômicos, com preços pressionados pela escassez global e pela valorização do Dólar. A expectativa é de que o mercado permaneça volátil nos próximos meses, exigindo dos compradores uma atenção especial às tendências globais. Bem como à colheita interna para mitigar riscos e aproveitar oportunidades de compra.
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Fontes:
- Agrolink
- CEPEA
- CONAB
- Reuters
- Embrapa Trigo
- Bolsa de Cereales de Buenos Aires
